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Hospital das Clinicas da UFPE



Justificativa do Projeto Música para o
Corpo e a Alma no HC
O Projeto MAIS: Manifestações de Arte Integradas à Saúde fundamenta-se nos atuais princípios norteadores da Política de Humanização do Ministério da Saúde – Humaniza SUS – publicados em 2006 e voltados à construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a qualificação da assistência à saúde, visando desenvolver, divulgar, fortalecer e articular iniciativas humanizadoras nas instituições de saúde.
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco atua como hospital-escola e centro de pesquisa científica em biomedicina. Atende exclusivamente ao SUS, com uma média mensal de 16.000 consultas, e 915 internamentos. Possui 493 leitos com média de ocupação 72,12%/mês. Esse perfil confere ao Hospital das Clínicas a necessidade de ampliação dos seus projetos de humanização.
A arte exerce um poder medicinal de desvendar o homem na sua totalidade - corpo e mente. A compreensão da necessidade dos cuidados com a alma dos nossos pacientes, além do tratamento dos sinais e sintomas clínicos, aumenta as possibilidades de cura.
Espetáculos artísticos aproximam as pessoas de ideais humanísticos, criando um ambiente onde a empatia com o sofrimento alheio é fundamental para o acolhimento dos pacientes e seus familiares. Várias pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, confirmam a influência da música no equilíbrio emocional. Algumas delas demonstraram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações a estímulos sonoros.
Zatorre, da Universidade de McGill (Canadá) e Blood, do Massachusetts General Hospital (EUA), analisaram os efeitos no cérebro de pessoas que ouviam música. Verificaram que essas pessoas acionaram exatamente as mesmas partes do cérebro que têm relação com estados de euforia. Segundo esses autores, isso confere à música uma grande relevância biológica, relacionando-a aos circuitos cerebrais ligados ao prazer.
Projetos como “A arte na Medicina às vezes cura, de vez em quando alivia mas sempre consola”-UPE, ”Música nos Hospitais 2005” - Associação Paulista de Medicina, “Arte, Cultura e Lazer – HC/UNICAMP, “Doutores da Alegria”- ONG entre muitos outros, resultam de uma visão humanista , no que se refere ao cuidado com a saúde e o bem-estar das pessoas, apresentando como objetivo comum proporcionar aos médicos, pacientes e funcionários, momentos de paz, descontração, cultura e lazer ao ambiente hospitalar.
A arte no ambiente hospitalar tem sua importância como ferramenta de apoio terapêutico. Em países como Estados. Unidos, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra, China e Japão, os médicos reconhecem, cada vez mais, a eficácia do uso da música como uma forma de terapia para pacientes hospitalizados. Dr. Raymond Bahr, diretor da Unidade Coronariana do St. Agnes Hospital, em Baltimore, Maryland, afirmou categoricamente: “Suas propriedades relaxantes permitem que os pacientes se recuperem mais depressa ao permitir-lhes aceitar sua condição e tratamento sem muita ansiedade”. Ainda de acordo com Bahr “meia hora de música produz o mesmo efeito que dez miligramas de Valium”.
Segundo a pesquisadora Cathy E. Guzzetta, uma líder no campo da enfermagem holística e defensora da idéia de que se deve “cuidar da música da alma, as vibrações musicais poderiam ajudar a restaurar a função regularizadora num corpo fora de sintonia e ajudar a manter e a aumentar a função regularizadora.
O anestesista Ralph Spintge, um dos mais destacados pesquisadores no que diz respeito ao uso da música na medicina, resumiu seu impacto no tratamento médico da seguinte forma:“Parâmetros fisiológicos como freqüência cardíaca, pressão arterial, salivação, umidade da pele e níveis sangüíneos de hormônios do estresse – como hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), a prolactina, o hormônio do crescimento humano, cortisol e as betaendorfinas – apresentam uma significativa redução com o uso de música ansiolítica, comparável à que ocorre quando o paciente recebe a pré-medicação farmacológica usual.
Estudos com eletroencefalogramas demonstram a indução de sono através da música na fase pré-operatória. As respostas subjetivas dos pacientes são positivas em cerca de 97% (59 mil) dos casos. Esses pacientes afirmam que a música os ajudou realmente a relaxar no período pré-operatório e durante cirurgias com anestesia local
Nos últimos anos, a arte circense tem oferecido uma intensa participação nos hospitais brasileiros, através dos Doutores da Alegria, artistas profissionais que seguem o trabalho idealizado pelo palhaço americano Michael Christensen.
Um estudo feito na Universidade Graz, na Áustria, mostrou que o riso ajudou vítimas de derrames a reduzir sua pressão arterial. Os 30 pacientes foram divididos em dois grupos -só um deles foi submetido à uma 'terapia do riso'. A pressão dos que passaram pela terapia caiu significativamente, comparativamente ao grupo controle. O riso também oferece uma maior oxigenação pulmonar e facilita a saída de gás carbônico. Atua também fortalecendo o sistema imune, além de ajudar na memorização. Rir durante a apresentação de uma aula ou palestra aumenta o interesse e facilita a aprendizagem. Em 2000 um trabalho apresentado no Congresso da Associação Americana do Coração, comprova que o riso libera óxido nítrico, conhecido vasodilatador, ou seja, um bom aliado do coração.
O Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, utilizou a música na Unidade Cardíaca Intensiva (UCI) estendendo, depois, para uma enfermaria. Em três meses, houve uma queda no uso de calmantes entre os pacientes que variou de 30% a 88%. “É uma experiência-piloto, mas os resultados são tão bons que poderá ser implantada em todo o hospital”, comemora o cardiologista Walter Alves, subchefe da UCI (Ministério da Saúde).
Em 2002 o maestro Gil Jardim criou o projeto Música & Vida, que organiza apresentações dos músicos em diversos hospitais de São Paulo. Com cerca de dez apresentações por ano, a orquestra tem uma fila com dezenas de hospitais que querem receber o grupo. A característica do projeto é se adaptar à estrutura do hospital em que vai atuar, podendo ocorrer em um auditório, no corredor, “hall” ou mesmo dentro dos quartos dos pacientes
Quando estressados, dirigimos todo o nosso esforço metabólico para a finalidade -lutar/fugir- inibindo ou alterando nosso sistema de defesa imunológica e permitindo o desenvolvimento das doenças degenerativas, auto-imunes e neoplásicas. O estresse também se encontra relacionado a doenças cardiovasculares, metabólicas, gastrointestinais, reprodutivas, infecciosas, reumáticas e psíquicas5
O ambiente hospitalar congrega uma ampla variedade de fatores desencadeantes de estresse: os sentimentos de insegurança, angústia e medo em quem busca atendimento, a carga de responsabilidade, a sobrecarga de trabalho e as precárias condições oferecidas aos profissionais que atuam na área de saúde, tornando-se assim ambiente propício para o desenvolvimento de doenças.
Sabe-se também que os hormônios liberados pelo estresse, comprometem a recuperação dos pacientes, por retardarem os processos de cura. Ao contribuir para a redução nos níveis de estresse no ambiente hospitalar atuamos como fatores facilitadores na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Medicina e arte se encontram em torno de uma causa nobre, a de promover a cura, o alívio e o consolo. As experiências demonstram que a arte aplicada à medicina é benéfica ao criar uma atmosfera favorável tanto na recuperação do paciente como ao próprio profissional de saúde envolvido
“Música nos Hospitais” (Music in Hospitals MiH) é uma instituição de caridade criada no Reino Unido, cuja missão é melhorar a qualidade de vida de adultos e crianças com todos os tipos de doença e incapacidade, através da alegria e dos benefícios terapêuticos proporcionados por apresentações de música ao vivo. em hospitais, asilos, creches, escolas especiais, e casas residenciais de enfermagem. Sua visão é a de chegar a todos os estabelecimentos de saúde em todo o Reino Unido, através de concertos MIH. Em 2013 a instituição comemorou os seus 65 º anos de existência. “Percorremos um longo caminho desde os seus primórdios em 1948”. Música nos Hospitais organiza música ao vivo para todos os tipos de centros de saúde em todo o Reino Unido. Os concertos ocorrem nas enfermarias de hospitais, salas de hospital dia, salões, corredores e pelas cabeceiras de pacientes muito doentes. Em pesquisa realizada pela Dra Rosalia Staricoff, os resultados deste trabalho tem mostrado que a introdução de música ao vivo nos cuidados de saúde melhora a qualidade de vida dos pacientes, melhora a comunicação, empatia e reduz a permanência hospitalar.
A musicoterapia tem sido utilizada efetivamente como tratamento integrativo em doenças médicas, particularmente em doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral, doença de Parkinson, distúrbios do sono, depressão, déficit de atenção e hiperatividade, autismo, migrânia e epilepsia.
Estudos mostram os efeitos benéficos da música na epilepsia infantil, incluindo redução de descargas epileptiformes e na freqüência das crises
Pesquisas têm mostrado que a música pode influenciar variáveis fisiológicas como pressão arterial, frequência cardíaca, respiração, atividade elétrica cerebral, temperatura corporal e resposta galvânica da pele. Musica pode influenciar funções imunológicas e endócrinas19.
A musicoterapia tem sido utilizada em diversos setores: maternidade, UTI neonatal, pediatria, pacientes com doenças cardiovasculares, pulmonares e neurológicas, redução de dor em pacientes cirúrgicos e oncológicos. Os trabalhos têm mostrado que a música é importante na criação de um ambiente humanizado, redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, redução do consumo de drogas e encurtamento da permanência hospitalar